quarta-feira, março 30, 2005

Sem título.

Ninguém tem culpa de nada, só eu.
É assim que tudo começa, acho que essa intensa dor no peito nunca acaba. É igual uma gilete cortando seus próprios punhos. Dói.
Depois de tudo isso eu não vejo mais sentido nas coisas, a sinestesia é inexistente nesse mundo que eu criei, na verdade existe sinestesia sim, só que é tanta que ela desaparece, banaliza.
Porque o mundo dos outros não é igual ao meu? Não, não quero respostas filosóficas sem nexo, não quero questionamentos poéticos e avassaladores. Quero uma resposta em uma linha, uma frase.
As coisas rodam, rodam, rodam e percebe-se como tudo começou.
A culpa é minha, toda minha.
Tenho culpa pelo meus olhos, tenho culpa pelo jeito que eu pego no pão, tenho culpa por falar demais, tenho culpa por me culpar.
Estou no caminho que eu não queria, naqueles questionamentos poéticos desnecessários.
Cansei do dilema de que a dor faz crescer, é bom a dor, o preto inspira, e todas aquelas ladainhas de melancólicos felizes.
Não sei se com você acontece isso, mas comigo, às vezes sim. Me dá vontade de largar tudo e mudar denovo, mas uma mudança drástica, tipo, um renascimento, renascer. Isso sim é mudança. Ou me tornar vegetal, estático em uma cadeira sem sentido. As coisas são sem sentido. Acho que esse é o problema, a busca pelo sem sentido.
NÃO! Não tem problema, o que dói são as soluções. Tenho solução pra tudo no meu mundo, mas o mundo dos outros não, eles só tem problemas.
Sofro de uma doença sem cura. A doença da dor.
E o pior é que sempre vai doer, sempre.
Só escrevo frases curtas. Tem pontos em todos os lugares.
Quero um ponto para a dor.
"O que aconteceu com você?"
Nada. Só sinto dor, porque, você não sente?
Ninguém responde essa pergunta, depois que ela é feita tudo para, igual aqueles passes de mágicas de programas de televisão. Faz-se um movimento com a mão e tudo fica estático. Parou-se o tempo no tempo.
Quando era criança queria ter super-poderes, igual esse de parar o tempo, ou ser invisível ou saber voar.
Agora que sou adulto eu consegui todos os poderes que eu queria, todos. Só que não quero mais.
Quero embrulhar eles para presente em um papel vermelho com fitas de cetim azul e dá para a primeira pessoa que eu ver.
Ela vai ficar maravilhada com tudo, mas depois!? ahhh.. depois, depois ela vai querer embrulhar denovo e dar para a primeira pessoa que aparecer pra ela.
Eu tenho todos esses poderes, só não tenho o poder de não ter esses poderes.
Viu, o que que eu disse? tudo parece muito sem sentido.
Na verdade o sem sentido não existe. Tudo já tem um sentido nele.
Quero parar de pensar nas coisas ruins e me dedicar as boas, ou melhor, no sentido de que as coisas são boas.
Não sei lidar com esse portal que existe dentro da minha caixa preta.
Sim! Eu sei criar portais, qual é seu problema? Uma solução? É pra já. Pronto. Mais um portal criado.
E eu? quem vai criar portais pra mim?
O não sentido novamente.
Mas as coisas acabam assim, sem sentido:
Ninguém tem culpa de nada, só eu, só eu e só eu.